quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O ELEVADO CUSTO DA DESFORRA



Se algum egoísta procurar tirar vantagem da sua pessoa, apague-o da sua lista, mas não tente desforrar-se, pois, quando a gente tenta desforrar-se, fere mais a si próprio do que a outro indivíduo.

Estas palavras soam como se tivessem sido proferidas por algum idealista lírico, algum guru ou sábio desta Terra.

Mas não foram. Esses dizeres apareceram num boletim publicado pelo Departamento de Polícia de Milwaukee, Estados Unidos.

Como é que ao procurar desforrar-se, você poderá ser ferido? Por diversas maneiras.

Segundo a revista Life, isso poderá arruinar até mesmo a sua saúde.

Um relatório publicado em matéria desse periódico afirma:

A principal característica da personalidade dos hipertensos é o ressentimento. Quando o ressentimento é crônico – acrescenta – seguem-se a hipertensão crônica e as doenças cardíacas.

Esta ligação feita pelas ciências da saúde, nos dias de hoje, entre o estado da alma e a saúde do corpo, não é nova.

As tradições orientais já haviam feito este link com segurança, há muito tempo.

"Jesus, igualmente, quando proclamou o Ame aos seus inimigos ou Perdoe setenta vezes sete vezes, não estava apenas ensinando um princípio elevado de moral."

Estava recomendando, a todos nós, a maneira de evitarmos as doenças do coração, a hipertensão, as úlceras do estômago e muitas outras enfermidades.

Pensemos: será que os nossos inimigos não esfregariam as mãos de contentamento, se soubessem que o nosso ódio por eles está nos esgotando as forças pouco a pouco?

Será que não se deliciariam sabendo que este sentimento está nos tornando cansados e nervosos, arruinando o nosso aspecto físico até, trazendo-nos distúrbios cardíacos e, provavelmente, encurtando a nossa vida?

Assim, não concedamos a eles este prazer. Preservemos a nós mesmos em primeiro lugar, evitando a vingança e o ressentimento.

Trabalhemos a raiva. Racionalizemos a raiva. Expurguemo-la de nossa intimidade através das tantas maneiras existentes que não agridem nem ao outro, nem a nós mesmos.

Mesmo que ainda não possamos amar nossos inimigos por completo, amemos, pelo menos, a nós mesmos.

Amemo-nos tanto que não permitamos que os nossos inimigos controlem a nossa felicidade, a nossa saúde, a nossa aparência.

Ou ainda, recordando as palavras de Shakespeare:

Não esquentes uma fornalha tão quente para o teu inimigo a ponto de tu mesmo saíres chamuscado.

A desforra, a vingança apresenta-nos elevado custo, custo esse que não vale a pena ser assumido.

A vendeta e a mágoa crônica são os venenos que tomamos esperando que o outro morra.

Assim, amemo-nos um pouco mais, preservando nossa intimidade desses verdadeiros inimigos de nossa evolução – os vícios morais.


Livro: Como evitar preocupações e começar a viver,

de Dale Carnegie, ed. Companhia Editora Nacional.

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